A história dos antigos humanos da Idade da Pedra pode estar prestes a ser reescrita, graças a uma descoberta surpreendente. Arqueólogos encontraram evidências de que estruturas de madeira foram construídas por seres humanos há cerca de 476 mil anos, muito antes do que se acreditava ser possível. A descoberta desafia a visão predominante de que os primeiros humanos eram nômades, revelando um potencial estilo de vida mais sedentário.
O projeto “Raízes Profundas da Humanidade” lançou luz sobre essa incrível descoberta, que foi publicada na revista Nature. Os arqueólogos escavaram madeira bem preservada na Zâmbia, mostrando cortes deliberados feitos com ferramentas de pedra. Isso sugere que os antigos humanos moldaram e uniram toras de madeira com a intenção de construir plataformas ou partes de estruturas habitacionais.
Até o momento, as evidências mais antigas do uso de madeira pelos primeiros humanos estavam limitadas ao uso de troncos para fogo, ferramentas rudimentares e lanças. Esta descoberta marca a primeira vez que foram encontradas provas de que os antigos humanos realmente construíam estruturas com madeira.
A raridade desse achado deve-se ao fato de que a madeira geralmente apodrece e se decompõe com o tempo. No entanto, neste caso, as Cataratas de Kalambo, uma cachoeira de 235 metros na fronteira entre a Zâmbia e a Tanzânia, às margens do Lago Tanganica, desempenharam um papel crucial na preservação dessas relíquias. A água permanentemente elevada na área manteve a madeira submersa e bem conservada.
Essa descoberta desafia a ideia de que os antigos humanos eram predominantemente nômades. A região de Kalambo oferecia não apenas água doce em abundância, mas também vastas florestas que forneciam recursos suficientes para um estilo de vida sedentário, possibilitando a construção de estruturas mais complexas.
A datação das toras de madeira foi realizada por meio de técnicas de luminescência, permitindo que os pesquisadores retrocedessem milênios na história humana. Geoff Duller, da Universidade de Aberystwyth, no Reino Unido, responsável pela datação dos artefatos, afirmou que “a investigação mostra que o local é mais antigo do que se pensava, o que faz com que seu significado arqueológico seja ainda maior, acrescentando peso aos argumentos em favor do tombamento como Patrimônio Mundial”.
A região de Kalambo aguarda a aprovação da UNESCO para ser declarada um Patrimônio Mundial da Humanidade, dado seu significado arqueológico. Esta descoberta revolucionária tem o potencial de alterar nossa compreensão sobre a habilidade dos primeiros humanos em modificar seu ambiente e criar estruturas complexas, desafiando preconceitos sobre suas habilidades tecnológicas e estilo de vida.