Em um marco para a pesquisa e desenvolvimento de energia limpa, o Brasil deu um passo significativo ao inaugurar, nesta quinta-feira, 28 de setembro, o primeiro centro de pesquisas dedicado ao hidrogênio verde no país. Localizado em Itajubá, Minas Gerais, nas instalações da Universidade Federal de Itajubá (Unifei), esse espaço de inovação é financiado pelo governo alemão, por meio da agência estatal GIZ, com um investimento de R$ 25 milhões. Um evento que simboliza o compromisso do Brasil com soluções sustentáveis para o futuro.
O centro, equipado com uma unidade de eletrólise de 300 kW, adquirida com parte dos recursos, visa explorar aplicações amplas do hidrogênio verde, que é uma alternativa fundamental para mitigar a poluição decorrente da queima de combustíveis fósseis. Os setores em destaque incluem processos industriais, geração de energia elétrica e mobilidade urbana, como a utilização do hidrogênio em ônibus. Adicionalmente, o centro busca estabelecer parcerias com empresas, especialmente siderúrgicas estabelecidas em Minas Gerais.
Uma segunda fase do projeto, programada para o início de 2024, prevê a inauguração de uma unidade de produção de hidrogênio verde e uma estação de abastecimento de veículos. Com essa expansão, o centro terá a capacidade de produzir 60N m³/h de hidrogênio, enquanto também investigará os desafios de armazenamento e transporte desse recurso, que será produzido com energia solar.
O Ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, enfatizou a importância de atrair investimentos para impulsionar o financiamento do setor de hidrogênio. Ele destacou que o Ministério está trabalhando em um marco regulatório nacional para o hidrogênio, em colaboração com outros ministérios, visando apresentar uma proposta ao Congresso Nacional. Além disso, em agosto deste ano, o MME lançou o Programa Nacional do Hidrogênio, com o objetivo de aumentar significativamente os investimentos na área, com previsão de chegar a R$ 200 milhões ao ano até 2025.
As tendências globais também estão impulsionando o interesse pelo hidrogênio verde. Em 2022, a demanda global por hidrogênio aumentou 3% em relação ao ano anterior, atingindo 95 Mt, de acordo com a Agência Internacional de Energia (IEA). Espera-se que essa demanda ultrapasse 150 Mt até 2030, à medida que as empresas buscam opções mais limpas para sua produção.
A União Europeia, Estados Unidos, Reino Unido e Japão estão entre os defensores de tecnologias de hidrogênio limpo. E o Brasil, com sua grande produção de energia hidrelétrica, tem um potencial considerável para se destacar como produtor de hidrogênio verde.
Além do uso como combustível, o hidrogênio verde tem diversas aplicações industriais, incluindo a fabricação de fertilizantes e combustíveis sintéticos, como o SAF (Combustível Sustentável de Aviação). No entanto, existem desafios técnicos, como o transporte seguro e o custo dos equipamentos, que precisarão ser enfrentados para a expansão bem-sucedida dessa tecnologia.
O hidrogênio verde, obtido por meio de eletrólise da água com energia limpa, representa uma oportunidade promissora para o Brasil. À medida que o país busca se tornar um líder na produção de energia limpa, essa iniciativa de pesquisa e desenvolvimento pode desempenhar um papel vital em sua transição energética.