O recente relatório Panorama 2023 da OMS (Organização Mundial da Saúde) lança uma luz sombria sobre a realidade enfrentada por 43,2 milhões de sul-americanos, que vivenciaram a fome ao longo do ano de 2022. Uma em cada três pessoas na região foi afetada, destacando uma crise alimentar persistente que, embora tenha estabilizado em comparação com o ano anterior, continua a assombrar a América Latina e o Caribe.
Retrato da Fome na América do Sul: Desigualdade Amplificada
No epicentro dessa crise, mais de um terço da população sul-americana (36,4%) enfrentou insegurança alimentar moderada ou grave durante 2022, de acordo com os dados alarmantes do relatório. Isso se traduz em sacrifícios diários, onde indivíduos foram compelidos a reduzir a qualidade e quantidade de alimentos consumidos ou, em alguns casos, enfrentar a angústia da fome.
Rossana Polastri, Diretora Regional do Fundo Internacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA) para a América Latina e o Caribe, destaca uma disparidade ainda mais profunda entre as áreas urbanas e rurais. Em 2022, a insegurança alimentar nessas regiões rurais foi 8,3 pontos percentuais superior à das zonas urbanas, destacando uma clara urgência em priorizar essas populações marginalizadas em futuras políticas públicas.
Desafios e Chamado à Ação
Apesar de um freio na tendência de crescimento, os níveis de fome persistem acima dos registrados em 2019, antes da pandemia de Covid-19. Este cenário coloca em perspectiva a complexidade dos desafios enfrentados pela região, exigindo uma abordagem multifacetada para reverter a trajetória sombria da insegurança alimentar.
O chamado à ação ressoa não apenas como uma necessidade urgente de intervenção, mas também como um apelo à revisão das estruturas sociais que perpetuam a desigualdade. A crise alimentar revela-se não apenas como um problema de escassez, mas como um sintoma de disparidades profundas que exigem atenção imediata.