A deputada Cori Bush, do Missouri, emerge como uma voz solitária no Congresso dos Estados Unidos ao criticar abertamente o massacre em curso na Faixa de Gaza. Com o apoio de apenas alguns colegas, ela exige que o presidente Joe Biden pressione Israel por um cessar-fogo imediato, destacando-se nas mídias sociais por expressar dor, preocupação e apelos à humanidade.
Eleita pelo Missouri, Cori Bush tornou-se a primeira mulher negra a representar o estado no Congresso, após se destacar nos protestos de 2014, desencadeados pela morte de Michael Brown, jovem de 18 anos, pelas mãos da polícia. Sua trajetória política é marcada pela conexão entre a luta dos negros nos EUA e a dos palestinos, uma abordagem que ressoa com a ativista histórica Angela Davis, que há anos destaca a solidariedade entre ambos os grupos.
Enquanto manifestações crescem nos EUA, poucos membros do Congresso respondem ao genocídio em Gaza. A única palestina-americana no Congresso sofreu censura por suas declarações contra a violência israelense. A postura do senador Bernie Sanders, que rejeitou um cessar-fogo e defendeu a destruição total do grupo Hamas, provocou críticas do cientista político Norman Finkelstein, resgatando uma entrevista de três anos atrás.
Finkelstein, filho de sobreviventes do Holocausto, destaca pontos cruciais: a eleição justa do Hamas em 2006, seguida por um bloqueio brutal; a população de Gaza majoritariamente composta por refugiados expulsos em 1948; as mensagens de paz do Hamas e seu desejo de negociação; os ataques israelenses em violação de cessar-fogos anteriores; e a acusação a Bernie Sanders de ter se tornado um “monstro moral” ao rejeitar um cessar-fogo.
A deputada Cori Bush, entretanto, persiste na pressão por um fim à violência, enquanto questiona coletivamente: “Onde está nossa humanidade?”. Em um cenário onde a política externa dos EUA se depara com divisões, vozes como a dela buscam trazer luz a uma situação complexa e urgentemente humanitária.