Cientistas do Peru e da Polônia unem-se para desvendar a face de uma jovem inca, cujo destino trágico a levou a ser oferecida como sacrifício há mais de meio milênio. Os restos mumificados dessa menina, conhecida como Juanita ou Senhora de Ampato, foram descobertos nas alturas dos Andes peruanos quase três décadas atrás, próximo a um vulcão imponente.
Emerge agora, com o auxílio da tecnologia tridimensional, uma imagem que busca contar a história dessa jovem de aproximadamente 14 a 15 anos. Seu corpo congelado foi encontrado em 1995 a uma altitude de 6.400 metros, na província de Caylloma, região de Arequipa, situada a cerca de 1.000 quilômetros ao sul de Lima.
A equipe de cientistas, proveniente da Universidade Católica de Santa Maria e da Universidade de Varsóvia, na Polônia, dedicou duas décadas ao minucioso estudo do crânio e corpo da múmia. Esse árduo trabalho culminou na recriação do rosto da jovem Juanita, cuja história está intrinsecamente ligada à civilização inca.
As pesquisas revelam que essa adolescente, cuja vida foi tragicamente abreviada, foi oferecida aos deuses como uma tentativa desesperada de apaziguar as forças da natureza. Os incas acreditavam que os sacrifícios humanos poderiam conter catástrofes naturais, tais como secas, inundações, erupções vulcânicas e pragas que afligiam a região.
A análise revela que Juanita apresentava uma fissura de cinco centímetros no crânio, provavelmente resultado de um golpe fatal desferido enquanto a jovem se encontrava ajoelhada. Essa lesão teria provocado uma hemorragia interna, culminando na prematura partida da jovem.
A reconstrução do rosto dessa menina inca oferece uma visão fascinante de um passado distante, repleto de rituais e crenças que, para nós, podem parecer misteriosos. Ela personifica a profunda ligação entre a humanidade e a natureza, uma narrativa que transcende os séculos e nos convida a refletir sobre a complexidade da história e da espiritualidade inca.