Entre Destinos e Esperanças: A Jornada de Repatriação dos Palestinos

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Na Base Aérea Brasileira, em Brasília, a noite de terça-feira, 14 de novembro, testemunhou a última entrevista de Shahed Al-Banna, uma das 32 vozes da complexa repatriação de brasileiros e palestinos vindos de Gaza. O resgate, resultado de esforços diplomáticos do Brasil, ocorreu na noite de segunda-feira, marcando o desfecho da Operação Voltando em Paz, a maior missão de retirada de civis de zonas de conflito realizada pela Força Aérea Brasileira.

“Alguém tira foto minha assim sendo famosa”, brincou Shahed diante das câmeras, revelando seu inusitado caminho para a notoriedade. A jovem de 18 anos, conhecida por relatar nas redes sociais o cotidiano sob bombardeio israelense, é uma das peças neste intricado quebra-cabeça de retorno e reinício.

Fruto dessa operação, 22 brasileiros, sete palestinos com Registro Nacional Migratório (RNM) e três familiares destes últimos agora têm o Brasil como novo lar. Entre eles, 17 crianças, nove mulheres e seis homens, compõem o grupo que enfrentou a tensão em Gaza e agora busca estabilidade no Brasil.

Na entrevista coletiva, Shahed compartilhou sua inabalável determinação em assegurar a evacuação completa de seus familiares ainda na Faixa de Gaza. “Esse é meu plano agora e eu não vou ficar calma até eles saírem de lá”, afirmou, ecoando a preocupação que ressoa entre os repatriados.

A psicóloga Débora Noal, especializada em desastres e eventos climáticos, alertou sobre a sensibilidade emocional do grupo, ressaltando que o período de estabilização pode demandar cerca de 30 dias. O impacto psicológico evidencia-se nas crianças, algumas apontando para o céu e temendo “bomba, bomba” ao avistarem aviões.

Mohamad Farhat, 43 anos, compartilhou sua experiência em Gaza, onde a iminência da morte pairava constantemente. “Estávamos esperando quem era o próximo a morrer”, revelou, enquanto expressava gratidão pela dignidade no acolhimento brasileiro.

A repatriação, que durou 12 dias desde a autorização para deixar Gaza, culminou com a chegada ao Brasil. Mohamad planeja estabelecer-se em São Paulo com sua família, ressaltando a positiva cerimônia de recepção liderada pelo presidente Lula.

No entanto, as atenções voltam-se também para a mudança de tom de Lula, que, após o término da operação, intensificou as críticas contra Israel, equiparando-o ao Hamas e condenando atos classificados como “terrorismo”. O presidente destacou o impacto desproporcional nos civis, especialmente crianças, apontando para mais de 11 mil mortos em Gaza, incluindo 5 mil crianças, segundo o Ministério da Saúde local.

A Operação Voltando em Paz encerra-se, mas o impacto humano persiste, delineando a jornada desafiadora dos repatriados em sua busca por normalidade em meio à tragédia.

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