Na busca pela beleza, às vezes, navegamos em mares perigosos. Muitos viajantes se aventuram no exterior em busca de tatuagens, piercings e cirurgias cosméticas, enquanto outros se arriscam em estabelecimentos locais de reputação duvidosa. Mas, independentemente do destino, os riscos de lesões e infecções estão sempre à espreita.
Recentes estudos alertam sobre um perigo silencioso: a hepatite C. Um vírus que afeta o fígado, sendo transmitido principalmente pelo contato com sangue infectado. No Reino Unido, estima-se que milhares podem ter contraído essa doença durante procedimentos cosméticos, sem sequer perceberem.
Com mais de 170 milhões de pessoas em todo o mundo vivendo com hepatite C, e cerca de um milhão de novas infecções a cada ano, a atenção a esse problema é mais que necessária. A hepatite C, muitas vezes assintomática, pode permanecer no corpo por anos, causando danos graves, inclusive câncer de fígado.
No Brasil, 520 mil pessoas vivem com hepatite C, ainda sem diagnóstico e tratamento, segundo o Ministério da Saúde. No entanto, até 2022, 150 mil pacientes haviam sido curados da doença, demonstrando que a detecção precoce e o tratamento adequado podem fazer a diferença.
Mas onde reside o perigo? Procedimentos médicos e cosméticos inadequadamente esterilizados são os principais vilões. Agulhas, instrumentos cirúrgicos e até mesmo tatuagens feitas em locais não profissionais representam riscos aumentados de contrair hepatite C. A esterilização inadequada também pode levar a outras infecções, como HIV e hepatite B.
Piercings, por sua vez, têm uma avaliação de risco menos clara, mas casos de hepatite C transmitida através de piercings e da troca de joias com pessoas infectadas ressaltam a importância da cautela.
Contudo, em estúdios profissionais e com práticas adequadas de esterilização, o risco é mínimo. No entanto, a vigilância é sempre a melhor política. Em procedimentos de botox, preenchimentos e similares, é essencial que um profissional médico credenciado esteja à frente.
Alguns países apresentam incidências mais elevadas de hepatite C, como Egito, Mali, Malásia, Itália, Tailândia e Ilhas Maurício. Além disso, a prevalência de certas cepas do vírus pode variar de acordo com a localização geográfica.
Portanto, ao planejar qualquer procedimento no exterior, a pesquisa sobre os riscos locais é uma etapa crucial. Perguntar sobre os processos de descontaminação e esterilização de utensílios, bem como verificar a licença da empresa, são práticas inteligentes.
A falta de higiene também é uma porta de entrada para a hepatite C, então, certifique-se de que as boas práticas, como a troca de luvas e a lavagem das mãos, sejam rigorosamente seguidas. Se algo parecer duvidoso, é melhor evitar.
Em um mundo em busca constante da perfeição estética, é importante que, enquanto buscamos a beleza exterior, também cuidemos da nossa saúde interior. Afinal, a jornada para a autenticidade não deve custar nossa saúde.