Na dinâmica arena política brasileira, onde rivalidades podem perdurar, mas também ceder espaço à pragmática colaboração, o ex-governador de São Paulo, João Doria, tem orquestrado uma intrigante mudança de cenário. Empresário da marca de eventos e relacionamentos com autoridades públicas, conhecida como Lide, Doria intensifica seus esforços para se aproximar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, figura central da atual gestão.
A virada de página nessa relação começou a se desenhar durante uma entrevista ao podcast Flow News em 22 de setembro. Nesse momento, Doria optou por uma atitude surpreendente ao pedir desculpas a Lula pelas declarações proferidas durante o turbulento auge da Lava Jato em 2019. Na ocasião, o então governador afirmou que Lula seria tratado “como todos os outros presidiários” caso fosse transferido para um presídio em Tremembé, São Paulo. Ele classificou essa declaração como “imprópria” e reconheceu seu erro.
Em uma reviravolta adicional, em 3 de outubro, Doria expressou a crença de que Lula possui o potencial para se tornar um pacificador no Brasil, um papel que o presidente busca desempenhar também em negociações e conflitos internacionais, como exemplificado por sua sugestão de criar um “clube da paz” para abordar a crise na Ucrânia.
Enquanto Doria reforça sua movimentação em torno de Lula e de seus ministros, um novo concorrente surge no setor de eventos: a Esfera Brasil, estabelecida em 2021 sob a gestão de João Camargo, também proprietário da CNN Brasil. Esta marca, com uma presença política mais notável, representa pela primeira vez uma ameaça ao monopólio de Doria no segmento de eventos e debates com a presença de autoridades públicas.
Até o momento, o presidente Lula e seus principais ministros não participaram de eventos promovidos pelo Lide de Doria, deixando espaço para especulações sobre a evolução dessa complexa relação no cenário político brasileiro.
