Uma devastação de proporções inimagináveis assolou a Província de Herat, no Afeganistão, após um poderoso terremoto de magnitude 6,3 abalar a região. A catástrofe já tirou a vida de mais de 1.000 pessoas e deixou aldeias inteiras reduzidas a escombros.
O terremoto, ocorrido no último sábado (7/10), desencadeou uma operação massiva de busca por sobreviventes. Os moradores locais, munidos de pás e até mesmo suas próprias mãos, uniram-se para resgatar mais de 500 pessoas que continuam desaparecidas, conforme relatado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
A ajuda humanitária, crucial para aliviar o sofrimento das vítimas, enfrentou obstáculos significativos devido ao bloqueio de rotas e à queda das linhas de comunicação. Somente na segunda-feira (9/10), a assistência começou a chegar à região.
Há temores profundos de que o número de mortos possa escalar ainda mais. Zindajan, um distrito rural localizado a cerca de 40 km da cidade de Herat, foi uma das áreas mais atingidas, com estimativas alarmantes de que “100% das casas tenham sido completamente destruídas,” de acordo com o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha).
Imagens das aldeias arruinadas ilustram a magnitude da tragédia, com casas que, infelizmente, eram frágeis demais para resistir ao tremor. Nek Mohammad, um residente da região, compartilhou seu relato angustiante: “Chegamos em casa e vimos que não havia mais nada. Tudo virou lama. Começamos a cavar com pás e tudo o que tínhamos para resgatar mulheres e crianças dos escombros.”
O governo Talibã e as agências de ajuda enfrentaram dificuldades iniciais para avaliar a extensão da tragédia, dado que as aldeias afetadas são remotas e não possuem registros populacionais detalhados. A área abriga também comunidades deslocadas por conflitos e secas, tornando ainda mais desafiador para as autoridades locais estimar quantas pessoas estão em perigo.
Hospitais com recursos limitados estão sobrecarregados com mais de 1.600 feridos, muitos dos quais foram encaminhados para o Hospital Regional de Herat. A instituição de caridade Médicos Sem Fronteiras (MSF) tem atuado no local desde o início, atendendo pacientes e prestando apoio vital.
Apesar das condições adversas, Prue Coakley, representante interina do MSF no Afeganistão, oferece alguma esperança ao afirmar: “Felizmente, a maioria dos pacientes que chegam são casos não emergenciais. No entanto, muitos deles não têm casas para onde voltar, por isso permanecem no hospital enquanto as autoridades procuram locais alternativos para abrigá-los.”
A tragédia não faz distinção de idade ou gênero, com mulheres e crianças sendo tanto as principais vítimas quanto os principais sobreviventes, de acordo com relatos da ONU e médicos locais.
O governo talibã fez um apelo urgente por alimentos, água potável, medicamentos, roupas e tendas para abrigo dos sobreviventes. Múltiplas agências humanitárias, incluindo a Sociedade da Cruz Vermelha Afegã, MSF, o Programa Alimentar Mundial e a Unicef, responderam ao chamado, mas o país, enfrentando desafios financeiros, precisa de apoio continuado.
Desde o terremoto, poucos países se comprometeram com assistência financeira. A Sociedade da Cruz Vermelha da China anunciou uma oferta de US$ 200 mil (R$ 2,5 milhões) em ajuda de emergência, enquanto o vizinho Paquistão prometeu estender todo o apoio possível aos esforços de recuperação.
O Afeganistão é uma região propensa a terremotos, devido à sua localização próxima à junção das placas tectônicas da Eurásia e da Índia. Em junho de 2022, a Província de Paktika foi atingida por um terremoto de magnitude 5,9, resultando em mais de 1.000 mortes e dezenas de milhares de deslocados.