Manaus e outras cidades do AM Sufocadas pela Fumaça das Queimadas: Um Alerta para a Saúde Pública

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A madrugada do último sábado (4) trouxe consigo uma angustiante repetição do cenário que há meses aflige os moradores de Manaus e arredores: a fumaça sufocante que se insinua pelas frestas das casas, perturbando o sono e a qualidade do ar. Desde setembro, a população manauara vem enfrentando os graves impactos sobre a saúde pública decorrentes da fumaça tóxica, cuja origem reside nas queimadas criminosas que varrem o Amazonas.

Nas primeiras horas do dia, os indicadores de qualidade do ar atingiram níveis alarmantes, atingindo 440 ug/m³ pela manhã, segundo o projeto Índice de Qualidade do Ar Mundial. O céu se tingiu de cinza, e nas ruas, a população experimentou o desconforto do calor, dificuldades respiratórias, dores na garganta e nos olhos.

Francisco Silva, um pintor de 44 anos, descreve a agonia de acordar inalando essa fumaça prejudicial, especialmente para idosos e crianças. Seus filhos, de 10 e 9 anos, sofrem com tosse e problemas respiratórios, levando um deles ao Pronto-Socorro da Criança com sintomas decorrentes da exposição à fumaça.

A fumaça não se limita a acometer as vias respiratórias, afetando também os olhos, a pele e, em casos mais graves, a saúde cardiovascular e neurológica, sobretudo em grupos vulneráveis, como idosos e crianças. Jesem Orellana, epidemiologista da Fiocruz Amazônia, aponta os efeitos nocivos da fumaça, que incluem obstrução nasal, coriza, sangramento nasal, tosse seca, rouquidão, laringite, rinite, falta de ar e cansaço.

O impacto se estende aos olhos, causando irritação, vermelhidão, lacrimejamento, visão borrada e até conjuntivite tóxica/química. Além disso, a exposição persistente à fumaça pode agravar doenças pré-existentes, como asma, rinite, bronquite, pneumonia, doenças cardiovasculares e neurológicas, além de perturbar o ciclo do sono.

A poluição excessiva também resulta em problemas de saúde pública, como a dificuldade de respirar e a irritação nos olhos, forçando a população a adotar medidas como o uso de máscaras ao sair de casa, mesmo que estas ofereçam alívio parcial diante de uma situação tão crítica.

O impacto se estende também à economia, afetando trabalhadores, especialmente aqueles que dependem do transporte público. Os efeitos negativos abrangem também feirantes, cujas vendas são prejudicadas, contribuindo para uma espiral de dificuldades.

Em meio a esse cenário, não se pode esquecer que a fumaça das queimadas não conhece fronteiras, afetando não apenas Manaus, mas também outras cidades próximas. A situação é exacerbada pela falta de chuvas na região amazônica, que prolonga a exposição da população à fumaça tóxica.

É essencial ressaltar que as queimadas na Amazônia não são um problema exclusivo do Brasil, mas sim um desafio global. A poluição do ar gerada por essas queimadas atinge níveis preocupantes e demanda ação coordenada em todos os níveis de governo. A falta de respostas eficazes a essa crise ambiental prolonga o sofrimento da população e compromete gravemente a qualidade de vida, especialmente daqueles mais vulneráveis.

A responsabilidade pela crise de fumaça que cobre Manaus não deve ser atribuída apenas a outros estados ou países. Os governantes têm o dever de adotar medidas efetivas para conter a destruição da floresta amazônica, pois essa tragédia ambiental afeta não apenas a região, mas todo o planeta.

À medida que o mundo enfrenta desafios globais, é imperativo agir com vigor contra os crimes ambientais associados ao desmatamento, às queimadas ilegais e à ocupação ilegal de terras públicas. Isso requer a cooperação entre os níveis federal, estadual e municipal, bem como a sociedade, a fim de implementar ações efetivas de prevenção e controle do desmatamento na Amazônia Legal.

A situação que vivenciamos é alarmante, mas é também um chamado à ação. A saúde e o bem-estar da população estão em jogo, e não podemos mais adiar a luta contra a degradação da Amazônia. Ações enérgicas e imediatas são necessárias para proteger não apenas a região, mas o planeta como um todo.

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