No derradeiro confronto antes das eleições, o candidato pró-governo, Sergio Massa, e o representante de extrema-direita, Javier Milei, protagonizaram um acalorado debate neste domingo (12), definido por incertezas políticas e estratégias ardilosas.
O evento, assistido por milhões de argentinos, revelou uma paridade surpreendente nas pesquisas, com Milei, do partido A Liberdade Avança, emergindo como um concorrente formidável. As questões econômicas, em meio a uma prolongada crise, tornaram-se o epicentro do embate.
A Projección Consultora, conhecida por sua precisão, indicou uma margem estreita, com Milei liderando as intenções de voto em 47,7%, um leve avanço em relação aos 45,9% projetados para o candidato governista. Entretanto, o alto número de votos indecisos manteve a incerteza.
A estratégia padrão de persuadir o voto indeciso, comum em segundos turnos, foi evidente. Massa, atual ministro da economia, enfrentou o delicado tema econômico, enquanto Milei tentou reforçar sua imagem como alternativa de mudança.
O debate aqueceu quando Massa explorou o elo do Liberdade Avança com setores pró-anistia da última ditadura militar, uma vulnerabilidade evidenciada no “bloco de direitos humanos e coexistência democrática” de Milei. Surpreendentemente, Massa evitou explorar a questão dos direitos humanos, desviando para o sistema previdenciário.
Contrastando com o Kirchnerismo, Massa resumiu sua posição política, afirmando: “Isso não é entre [Mauricio] Macri ou Cristina [Kirchner], Javier; isso é entre você ou eu. Eles já tiveram sua chance, e os argentinos decidirão sobre isso”.
Apesar da vantagem contextual de Milei, o candidato de extrema-direita foi incessantemente questionado por Massa, usando sua habilidade como polemista para colocá-lo em situações desconfortáveis. A estratégia de exigir respostas diretas resultou na exposição das ideias mais polêmicas de Milei, incluindo a intenção de dolarizar a economia e eliminar o Banco Central.
Em um dos momentos mais tensos, Massa destacou a posição de Milei sobre as Malvinas, rompendo com a reivindicação histórica argentina de soberania sobre o território. A referência a Margaret Thatcher, apelidada de Dama de Ferro, desencadeou um embate sobre a Guerra das Malvinas, marcada pelo afundamento do cruzador argentino General Belgrano, politicamente vinculado à líder britânica.
No encerramento, Massa reforçou seu desejo de superar a crise, contrastando-se com a administração atual. Milei, por sua vez, apelou aos eleitores para escolherem entre “o populismo que está nos afundando ou a república,” promovendo o modelo de liberdade.