Fernando Haddad é questionado sobre a promessa de equilibrar as contas públicas
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confrontou nesta segunda-feira, 30, uma série de perguntas incisivas sobre a meta fiscal para 2024. Esses questionamentos representam o maior desafio enfrentado pelo ministro desde que o presidente Lula (PT) se manifestou sobre o tema na última sexta-feira, 27.
Durante uma coletiva de imprensa, Haddad expressou a possibilidade de adiantar medidas de arrecadação planejadas para o próximo ano, buscando alcançar o objetivo fiscal. Ele enfatizou que a cooperação do Congresso Nacional e do Judiciário será fundamental para atingir essa meta.
O ministro enfrentou questionamentos recorrentes sobre a manutenção do compromisso de zerar o déficit nas contas públicas, como previsto no arcabouço fiscal que substituiu o teto de gastos implementado no governo de Michel Temer (MDB).
Haddad declarou: “Minha meta está definida. Estou em busca do equilíbrio fiscal de maneira justa e necessária para a construção de um país melhor.” No entanto, ele não confirmou de forma definitiva se a meta seria mantida ou ajustada. Segundo o arcabouço aprovado pelo Congresso, o governo Lula planeja zerar o déficit no próximo ano, com cenários variando de um superávit de 0,25% do PIB no cenário otimista a um déficit de 0,25% no cenário mais pessimista.
O déficit ocorre quando a arrecadação é insuficiente para cobrir as despesas, excluindo o pagamento de juros da dívida pública.
Na sexta-feira, durante um café da manhã no Palácio do Planalto, Lula expressou ceticismo em relação à possibilidade de o Brasil zerar o déficit em 2024. Ele argumentou que não estabeleceria uma meta fiscal que obrigasse a cortar bilhões de investimentos prioritários para o país.
Haddad rejeitou a ideia de que Lula estivesse demonstrando desinteresse pelas contas públicas, afirmando que o presidente busca a orientação da equipe econômica para guiar o Congresso.
Em um momento da entrevista, Haddad ficou visivelmente irritado quando uma jornalista insistiu em questionar a manutenção da meta de déficit zero.
O ministro também criticou decisões judiciais que impactam negativamente a arrecadação do governo, como aquelas que permitem que empresas descontem subsídios concedidos pelos estados dos impostos federais, bem como a exclusão do ICMS da base de cálculo do PIS e da Cofins.
No mercado financeiro, o dólar fechou em alta de 0,69%, atingindo 5,04 reais. Enquanto isso, a Bolsa de Valores de São Paulo registrou uma queda de 0,68%, encerrando o dia com 112.532 pontos.
Diante das preocupações do “mercado,” o Ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, entrou em cena para transmitir uma mensagem de coesão entre o presidente e seu ministro da Economia.
Padilha enfatizou que “quem deseja especular financeiramente sobre a falta de sintonia na política econômica do governo, liderada pelo presidente Lula e conduzida pelo ministro Fernando Haddad, perderá dinheiro novamente.” Ele reforçou a existência de uma profunda sintonia entre a política econômica do governo atual, destacando a combinação da responsabilidade socioambiental com a responsabilidade fiscal, uma marca que já foi evidente nos dois primeiros mandatos do presidente Lula.