Em meio às incertezas políticas pós-eleição argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstra proatividade ao discutir, em um telefonema com a presidenta da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, o progresso nas negociações entre o Mercosul e a União Europeia. O diálogo, realizado nesta segunda-feira, aborda questões cruciais para a conclusão do acordo, em um contexto marcado pela recente vitória do candidato de extrema-direita, Javier Milei.
O Palácio do Planalto informou que a ligação, seguimento de uma reunião na Cúpula do G20, foi pautada pelo “andamento da negociação do acordo”. Em uma conversa que se estendeu por cerca de meia hora, Lula e Leyen concordaram em “acompanhar de perto o trabalho dos negociadores nos próximos dias”. Além disso, ficou acertado que os líderes se encontrarão na próxima semana, durante a COP-28 nos Emirados Árabes, para aprofundar as discussões sobre os pontos finais do acordo entre os dois blocos.
O Brasil ocupa a presidência do Mercosul até 7 de dezembro, enquanto a presidência rotativa da União Europeia está nas mãos do governo espanhol, liderado por Pedro Sánchez. A junção desses elementos implica um momento estratégico nas tratativas, tornando a liderança de Lula crucial para o avanço das negociações.
Diante do êxito de Milei na Argentina, observadores internacionais antecipam desafios nas negociações Mercosul-UE, considerando possíveis divergências entre o presidente eleito e líderes do bloco. Apesar das críticas anteriores ao acordo, Lula mantém a intenção de concluí-lo até dezembro, vislumbrando oportunidades e desafios nesse contexto político transformador.
As tratativas Mercosul-UE, iniciadas em 1999, enfrentaram diversas reviravoltas ao longo dos anos. Com a iminência da presidência do Mercosul pelo Paraguai, o governo paraguaio já sinalizou uma postura de discontinuidade em relação ao acordo, adicionando mais complexidade ao cenário em constante evolução.
