Entre Sombras e Tabus
Enquanto cânceres ginecológicos como o de colo do útero, ovário e útero ganham destaque nas conversas sobre saúde da mulher, um inimigo sorrateiro permanece nas sombras: o câncer de vulva. Este silêncio, no entanto, pode ser fatal. A Cancer Research UK adverte que cerca de 69% dos casos de câncer de vulva são evitáveis.
O Drama do Diagnóstico Tardio
A jornada de diagnóstico desse câncer é tortuosa. Estudo na Dinamarca revelou que o câncer de vulva é o que leva mais tempo para ser identificado, em grande parte devido a sintomas iniciais vagos. A falta de conhecimento e o estigma em torno dos órgãos genitais femininos fazem com que muitas mulheres nem saibam que têm uma vulva, a parte externa dos genitais femininos, que inclui lábios maiores e menores, clitóris e entrada da vagina.
Um Inimigo Discreto
Embora seja raro e represente menos de 1% dos diagnósticos de câncer entre mulheres no Reino Unido, não se deve subestimar sua importância. Quatro pessoas são diagnosticadas diariamente no país, e as taxas de mortalidade projetam um aumento de 20% nas próximas décadas.
A Dupla Vilã: HPV e Líquen Escleroso
Muitos casos de câncer de vulva estão associados ao papilomavírus humano (HPV) e ao líquen escleroso, uma condição crônica da pele. O HPV, conhecido por seu papel no câncer do colo do útero, também pode desencadear câncer de vulva. A vacinação contra o HPV oferece proteção vital contra este risco.
Diagnóstico e Autoconhecimento
Diagnóstico tardio é uma cruel realidade. Coceiras persistentes, inflamações, manchas na pele, nódulos, sangramento vaginal anormal e feridas na vulva são sinais de alerta. No entanto, a normalização de sintomas e a relutância em falar sobre questões vulvares fazem com que as mulheres adiem a busca por ajuda. É fundamental que as mulheres se familiarizem com sua própria vulva e saibam o que é normal para elas.
Desafios no Tratamento
O tratamento do câncer de vulva varia de excisões locais em estágios iniciais a cirurgias mais invasivas em estágios avançados. Em casos graves, pode envolver a remoção parcial ou completa da vulva. A recuperação é árdua, e o impacto na qualidade de vida é profundo. Linfoedema, inchaço doloroso das pernas, é uma complicação possível, e a atividade sexual pode ser afetada.
Desigualdades e Desinformação
Globalmente, mulheres em países de baixa renda são diagnosticadas com câncer de vulva cerca de 10 a 15 anos mais cedo do que em países ricos, devido à prevalência do HPV. No Reino Unido, a incidência é 74% maior entre populações mais vulneráveis. Sintomas vulvares persistentes não devem ser normalizados. Conscientização, diálogo sobre o câncer de vulva e a importância da vacinação contra o HPV são cruciais para salvar vidas.