Na esteira de um controverso episódio que perdura há 48 horas, o Hospital Al-Shifa, o maior complexo hospitalar da Faixa de Gaza, continua ocupado por tropas israelenses. A invasão, iniciada na noite de terça-feira (14), alegava a presença de infraestrutura do Hamas no local, porém, até o momento, não foram apresentadas evidências de tais instalações.
De acordo com autoridades em Gaza, aproximadamente 650 pacientes encontram-se retidos no hospital, resultando no deslocamento de cerca de 7 mil civis. O Ministério da Saúde do Hamas denunciou danos significativos às instalações hospitalares, incluindo a destruição do serviço de radiologia e prejuízos nos setores de tratamento de queimaduras e diálise.
O ministro da Saúde de Gaza, Ashraf al-Qudra, informou ao Washington Post que soldados e maquinaria militar cercam o hospital, entrando e saindo periodicamente. Mohammed Zaqout, diretor-geral dos hospitais na Faixa de Gaza, reiterou que o Al-Shifa é um hospital civil, refutando a alegação de atividades militares em suas instalações.
O porta-voz das Forças de Defesa de Israel confirmou que a operação ainda está em andamento, mas não apresentou evidências públicas dos supostos túneis ou centro de comando sob o hospital.
Contexto Histórico: Raízes do Conflito Árabe-Israelense
A atual escalada de violência é profundamente enraizada nas disputas históricas entre árabes e israelenses, datando da criação do Estado de Israel em 1948. Questões não resolvidas, como a expectativa de um Estado árabe na Palestina, a apropriação de terras e a expulsão de palestinos, continuam alimentando o conflito.
A decisão de estabelecer dois estados, Israel e Palestina, ocorreu sem o consentimento de vários países árabes, desencadeando décadas de confrontos. A ocupação israelense nos territórios palestinos se intensificou ao longo do tempo, resultando em resistência e tentativas frustradas de acordos de paz.
O Tratado de Oslo, na década de 1990, visava encerrar a ocupação militar israelense, mas enfrentou resistência interna em Israel e desafios de grupos palestinos, como o Hamas. A retirada militar israelense de Gaza foi seguida pela eleição do Hamas em 2006, marcando uma nova fase de tensões.
Em outubro de 2023, o Hamas lançou uma ofensiva sem precedentes, invadindo o território israelense, desencadeando uma resposta igualmente intensa de Israel, resultando em um elevado número de mortes e críticas internacionais.