O cenário político brasileiro enfrenta uma reviravolta significativa com o anúncio da relatora da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga os atos do 8 de janeiro de 2023. A deputada Eliziane Gama (PSD-MA) revelou uma lista de 61 figuras notáveis indicadas para possível indiciamento devido à tentativa de golpe de estado que ocorreu quando vândalos invadiram as sedes dos Três Poderes.
Entre os nomes destacados nesta lista, encontram-se personalidades proeminentes, incluindo o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro e diversos generais, como Wálter Braga Netto, Augusto Heleno, Luiz Eduardo Ramos, Paulo Sérgio Nogueira, Marco Antonio Freire Gomes, Ridauto Lúcio Fernandes e Carlos Feitosa Rodrigues. Além disso, o ex-comandante da Marinha, Almirante Almir Garnier Santos, o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, e o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques fazem parte dessa lista.
As acusações que pairam sobre esses indivíduos variam desde associação criminosa até tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito e golpe de estado. O relatório da CPI também sugere que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja indiciado por crimes que incluem associação criminosa, tentativa de abolição violenta do estado democrático de direito, tentativa de deposição de um governo legitimamente constituído e emprego de medidas para impedir o livre exercício de direitos políticos.
Entre os nomes mencionados pela relatora, destaca-se a deputada federal Carla Zambrelli (PL-SP) e dois integrantes da equipe do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, o coronel Marcelo Costa Câmara e o sargento Luis Marcos dos Reis.
A relatora argumentou que a tentativa de golpe de Estado não envolveu métodos tradicionais, como tanques ou soldados, mas sim a “disseminação de mentiras e propagação de ódio,” principalmente no ambiente digital, muitas vezes usando símbolos nacionais.
Segundo Eliziane Gama, os golpes modernos se baseiam na formação de “forças paramilitares que preparam, arregimentam e armam forças milicianas” de maneira a não parecer um golpe clássico. O ataque às instituições democráticas foi parte integral dessa estratégia.
Quanto à participação de Bolsonaro na tentativa de golpe, a relatora destacou que desde o início de seu governo, ele atentou contra as instituições democráticas. Além disso, Bolsonaro alimentou a violência entre os brasileiros, reforçando os ideais bolsonaristas e, em alguns discursos, chegou a mencionar a possibilidade de uma guerra civil com um grande número de mortes no país. Também questionou a urna eletrônica, alegando fraude, sem evidências sólidas.
A lista de 61 indivíduos inclui ainda membros do chamado “gabinete do ódio,” como Tércio Arnaud, ex-assessor especial de Bolsonaro, Fernando Nascimento Pessoa e José Matheus Sales Gomes. A CPI se prepara para um debate acalorado e para a análise detalhada das evidências apresentadas antes de qualquer indiciamento oficial.
