Resiliência Milenar: Mulher da Idade do Cobre Sobrevive a Duas Cirurgias Intrigantes no Crânio

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Em um sítio funerário datado da Idade do Cobre, situado no sudeste da Espanha, uma descoberta arqueológica intrigante revela a incrível resiliência de uma mulher que viveu há 4,5 mil anos. O estudo, conduzido por pesquisadores e publicado no International Journal of Paleopathology, traz à luz uma história de superação e habilidade médica surpreendente.

Proezas Cirúrgicas na Antiguidade

No sítio funerário conhecido como Camino del Molino, onde repousam os restos de 1.348 indivíduos da Idade do Cobre, uma mulher, com idade entre 35 e 45 anos no momento de sua morte, destaca-se. Sua história é contada através de dois buracos sobrepostos em seu crânio, resultado de duas cirurgias distintas.

Os pesquisadores, liderados por Sonia Díaz-Navarro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), identificaram com precisão os vestígios de uma “técnica de raspagem”. Essa abordagem, envolvendo o uso de um instrumento lítico de superfície áspera, permitiu a criação de buracos na calota craniana sem danificar as camadas mais internas, reduzindo os riscos de infecção pós-cirúrgica.

Desafios e Resiliência Além dos Milênios

A região temporal do crânio, palco dessas cirurgias, apresentava desafios significativos na época. A falta de anestesia exigia imobilização intensa da paciente, provavelmente realizada pela comunidade ou com o uso de substâncias psicoativas. Surpreendentemente, os ossos curados indicam que a mulher não apenas sobreviveu às cirurgias, mas possivelmente viveu vários meses após os procedimentos.

Díaz-Navarro destaca a raridade de encontrar evidências de procedimentos cirúrgicos pré-históricos, especialmente na área temporal da cabeça. Na Península Ibérica, trepanações eram mais comuns nas regiões frontal e parietal do crânio, tornando a descoberta ainda mais única.

Um Enigma Arqueológico: Trauma ou Necessidade Médica?

Além das proezas cirúrgicas, o esqueleto da mulher exibia costelas curadas e algumas cáries dentárias. A pesquisadora pondera sobre a possibilidade de a cirurgia ter sido uma resposta a algum trauma, dada a alta prevalência de lesões traumáticas registradas nos esqueletos de Camino del Molino.

A documentação desses procedimentos na área temporal da cabeça permanece uma ocorrência rara, acrescentando um novo capítulo à compreensão da prática médica ancestral. A descoberta não apenas desafia as concepções sobre a habilidade cirúrgica na Idade do Cobre, mas também lança luz sobre a resiliência impressionante dessa mulher diante de desafios médicos significativos.

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