No coração da maior metrópole brasileira, São Paulo, um apagão desencadeado por um poderoso temporal mergulhou a cidade na escuridão. A falta de energia, um problema complexo que afeta todos os aspectos da vida cotidiana, rapidamente se tornou uma preocupação de dimensões catastróficas. O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, declarou em entrevista que a concessionária de energia Enel estabeleceu um prazo incrível para restabelecer a eletricidade da cidade: quatro longos dias.
A afirmação do prefeito ecoou com uma naturalidade perturbadora, como se a imensidão dos transtornos, prejuízos e dramas que a falta de energia pode causar fosse um mero detalhe. Uma pergunta inevitável surge: como seria a reação se tal apagão ocorresse nos tempos em que a distribuição de energia era responsabilidade de uma empresa pública? A gritaria nos noticiários e colunas de economia seria ensurdecedora, com críticas ferozes ao governo e celebrações das supostas maravilhas da privatização.
É um fato que as mudanças climáticas estão tornando os eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes e intensos. No entanto, qualquer empresa de energia, seja pública ou privada, deve estar preparada para lidar com essas situações, pois o agravamento dos problemas é uma realidade inegável.
O ponto crucial é reconhecer que certos setores são estratégicos para a vida de uma cidade, estado ou país, e devem permanecer sob controle do governo devido à sua importância para a população. O apagão revelou a extensão dos danos, que vão desde a interrupção de equipamentos médicos até a perda de alimentos, passando pela impossibilidade de recarregar telefones celulares, ferramentas indispensáveis para a comunicação e o trabalho.
É imperativo que tanto o prefeito quanto o governador, este último engajado na privatização de empresas públicas, enfrentem essa crise com a seriedade que ela merece. A imprensa, muitas vezes crítica em relação ao serviço público, também deve atuar de maneira mais incisiva nesse caso.
A responsabilidade deve ser cobrada e, se necessário, punições devem ser aplicadas à concessionária de energia. Este episódio serve como um lembrete contundente para aqueles que afirmam que a privatização torna as empresas infalíveis.
Paradoxalmente, o apagão de São Paulo pode lançar luz sobre o debate sobre a privatização, mostrando que, em setores críticos como a distribuição de energia, a água e o transporte público, a privatização pode, ironicamente, agravar os problemas, muitas vezes com custos mais altos para os contribuintes.