O Jornal Britânico The Guardian publicou uma matéria hoje em seu portal dizendo que seis meses depois de Bolsonaro tomar posse Lobão, que apoiava Bolsonaro, emergiu como um dos críticos mais ferozes da direita populista, assaltando sua administração em uma sucessão de aparições ferozes na mídia.
“É o pior começo de uma presidência desde o retorno da democracia [em 1990]”, disse Mauro Paulino, diretor do Datafolha, um dos maiores pesquisadores de opinião pública do Brasil. “Muita coisa dependeria do adversário… mas se houvesse outra eleição hoje, acho que ele não seria reeleito.
Cheio de desprezo pelos direitos humanos, Bolsonaro tem sido uma figura de ódio para a esquerda brasileira.
Mas um número crescente de vozes conservadoras também está questionando sua presidência.
“Sua popularidade está caindo porque as pessoas se sentem perplexas com as coisas que ele está fazendo e dizendo”, disse Eliane Cantanhêde, colunista do jornal conservador Estado de São Paulo, outro dos críticos mais incisivos do Bolsonaro.
O deputado paulista Arthur do Val insistiu que ele e seu grupo libertário, o Movimento Brasil Livre, não se arrependeram de ter apoiado Bolsonaro “por um segundo”.
Ele acusou jornalistas hostis de esquerda de retratar injustamente o presidente do Brasil como um grouch, um ogre e “um Hitler 2019 que quer matar homossexuais”.
Mas que marca Val daria aos primeiros seis meses de Bolsonaro no poder?
“Quatro e meio em dez”, respondeu o político. “É mau”.
A principal queixa de Val foi a influência excessiva da ala ideológica da administração de Bolsonaro – liderada por um excêntrico polêmico norte-americano chamado Olavo de Carvalho – e sua obsessão em travar batalhas ideológicas irrelevantes em vez de promover reformas fundamentais.
Ele também ficou perplexo que o controle das comunicações presidenciais tenha sido confiado ao “filho mais cabeçudo” do presidente, Carlos Bolsonaro, que lançou uma sucessão de ataques de mídia social contra inimigos percebidos na administração de seu pai e contra a direita do Brasil.
As “artimanhas” de tais figuras corriam o risco de permitir um retorno da esquerda, advertiu Val.
“Se o país fica com uma impressão negativa da direita, vai votar pela esquerda, então acho que vamos seguir um caminho muito perigoso.
Bolsonaro ainda goza de um apoio considerável, como demonstram dois comícios pró-governo recentes. De acordo com pesquisas, 32% dos brasileiros acreditam que seu líder está no caminho certo, com apoiadores creditando a Bolsonaro por uma queda no número de homicídios e um acordo comercial recentemente firmado entre a UE e o bloco comercial sul-americano ao qual o Brasil pertence.