O Desafio Global da Segurança Alimentar

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Num mundo que produz alimentos em abundância, a insegurança alimentar continua sendo uma realidade preocupante que afeta bilhões de pessoas. Um recente estudo da FAO, a agência das Nações Unidas para a alimentação e agricultura, revelou que três em cada dez habitantes do planeta enfrentam insegurança alimentar moderada a grave, o que se traduz em 2,4 bilhões de indivíduos que, em algum momento do mês, não têm recursos suficientes para garantir uma alimentação adequada.

O Brasil, infelizmente, não foge a essa realidade. De acordo com uma pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan), cerca de 65 milhões de brasileiros, quase 30% da população, vivem em situação de insegurança alimentar moderada e grave, corroborando os dados da FAO.

O paradoxo que se apresenta é evidente: o mundo produz comida em quantidade mais do que suficiente para todos, mas a distribuição eficaz desses recursos para atender à demanda global é um desafio premente. Até 2050, o planeta deve abrigar 9,7 bilhões de pessoas, de acordo com as projeções da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). Portanto, é crucial abordar essa questão de maneira séria e eficaz.

O Brasil é uma peça-chave nesse quebra-cabeça, uma vez que é um dos principais produtores de grãos, cereais e carnes do mundo. No entanto, o problema reside mais na distribuição do que na produção em si. A agricultura familiar, representando a maioria dos 15 milhões de produtores rurais no país, desempenha um papel fundamental na produção de verduras, legumes e frutas. Mesmo assim, é necessário repensar como esses alimentos são distribuídos e como as pessoas têm acesso a eles.

Diversos fatores complicam o acesso global aos produtos agrícolas. Conflitos armados, crises econômicas e financeiras, desastres climáticos e pandemias podem desencadear escassez de alimentos. A combinação desses fatores em todo o mundo nos últimos anos criou uma “tempestade perfeita” para a segurança alimentar, com a proporção de pessoas em insegurança alimentar aumentando de 22% para 30% desde 2015, de acordo com a FAO.

A qualidade da comida também se tornou uma preocupação crescente. A segurança alimentar não se trata apenas de quantidade, mas também de qualidade nutricional e segurança sanitária. O incentivo ao consumo de alimentos naturais, como frutas e vegetais, em detrimento dos processados e ultraprocessados, é uma estratégia importante.

O desperdício de alimentos é outro desafio significativo para a segurança alimentar. A ONU estima que 1 bilhão de pessoas poderiam ser alimentadas diariamente se evitássemos o desperdício de alimentos. A perda de alimentos ocorre principalmente devido à falta de refrigeração adequada ao longo da cadeia de abastecimento.

Para superar esses desafios, é fundamental diversificar a produção, incentivar a agricultura familiar e promover práticas agrícolas sustentáveis. O apoio público é fundamental para fornecer assistência técnica no campo, especialmente para pequenos produtores e áreas rurais. Além disso, é necessário explorar opções de manejo sustentável, reduzindo a dependência de insumos químicos.

A concentração de renda e a pobreza nas áreas rurais são desafios significativos no Brasil, mas, com o apoio do setor público, os pequenos produtores podem se organizar em associações ou cooperativas para melhorar sua capacitação técnica e aproveitar as vantagens comerciais, financeiras e tecnológicas dos grandes produtores.

Portanto, embora os desafios sejam significativos, o Brasil, uma das maiores potências agrícolas do mundo, tem a capacidade de liderar esforços para garantir a segurança alimentar e nutricional para todos os seus cidadãos. O acesso a alimentos saudáveis e nutritivos deve ser uma prioridade, especialmente em um mundo pós-pandêmico, onde a má nutrição está aumentando.

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