PF Identifica Endereços de IP em Cooperação Internacional
A saga do blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio, alvo de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal, ganha novos contornos com a Polícia Federal brasileira rastreando sua localização na Espanha. Uma análise minuciosa dos endereços de IP utilizados por Eustáquio durante transmissões ao vivo indicou que ele estava no país europeu em setembro. Agora, as autoridades consideram pedir cooperação internacional com a Espanha para efetivar a prisão.
A trama teve início em dezembro do ano passado, quando Moraes emitiu o mandado de prisão. Em julho deste ano, o blogueiro teve seu nome incluído na lista da Interpol de pessoas procuradas pela Justiça, mas sua presença não consta no site da instituição. O delegado da PF e coordenador-geral de Cooperação Policial Internacional, Fábio Alceu Mertens, apontou a existência de um tratado de extradição entre o Brasil e a Espanha como uma possível alternativa à detenção de Eustáquio.
Os desdobramentos se intensificaram quando o Comitê Nacional para Refugiados do Paraguai negou asilo político a Eustáquio e outros bolsonaristas em setembro, três dos quais foram detidos em operação conjunta da Interpol e polícia paraguaia. O blogueiro, porém, continuou a afirmar que estava no Paraguai em transmissões ao vivo nas redes sociais.
A quebra do enigma ocorreu quando a PF solicitou informações à Meta, empresa responsável pelo Facebook e Instagram, sobre os endereços de IPs utilizados por Eustáquio. A empresa revelou que, em setembro, pelo menos duas vezes, os acessos do blogueiro ocorreram em cidades espanholas, especificamente nas proximidades de Madri e em Castelló de la Plana.
Um detalhe intrigante foi notado durante uma das transmissões ao vivo de Eustáquio. Enquanto no Brasil eram 22h22, seu celular registrava 3h21 da madrugada, uma diferença exata de cinco horas correspondente ao fuso horário entre o Brasil e a Espanha.
Além disso, investigações revelaram que a esposa e os três filhos do blogueiro deixaram o Brasil em julho deste ano com destino a Madri. Em março, após a polícia paraguaia não conseguir detê-lo, foi registrada a saída de uma pessoa com o documento de Eustáquio do Paraguai com destino à Argentina, embora posteriormente tenha sido constatado que não era o blogueiro.
A complexidade da trama se aprofundou ainda mais com a descoberta de que, após o bloqueio da conta usada pela filha de Eustáquio para receber doações via PIX por ordem de Moraes, foram abertas duas novas contas em bancos digitais em nome dela, cada uma com chaves PIX cadastradas para continuar recebendo doações.