Um evento conservador organizado por Eduardo Bolsonaro (PL-SP), o CPAC (Conferência de Ação Política Conservadora), realizado em Belo Horizonte em 2023, recebeu quase R$ 150 mil em apoio do partido PL e parlamentares ligados à legenda. Isso foi revelado em um levantamento exclusivo feito pela coluna, analisando dados de prestação de contas da Câmara dos Deputados e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O PL, por meio de sua fundação, o Instituto Álvaro Valle, contribuiu com R$ 112 mil para o evento, cobrindo o aluguel do centro de convenções onde o CPAC foi realizado. Essa injeção de recursos públicos resultou em uma mudança significativa: o evento, que originalmente tinha ingressos a R$ 240, tornou-se gratuito apenas oito dias antes de sua realização.
Em comunicado oficial sobre a mudança, a organização anunciou a parceria sem divulgar que o instituto era, na verdade, um braço do PL. O partido não respondeu aos pedidos de comentário sobre essa relação.
Além do financiamento via fundo partidário, pelo menos nove deputados federais do PL utilizaram cerca de R$ 34,6 mil em recursos da Câmara dos Deputados para custear diárias e passagens a fim de comparecer ao evento. A presença desses deputados bolsonaristas foi um dos principais atrativos da edição de 2023 do CPAC.
Chama a atenção o fato de vários desses parlamentares, como Hélio Lopes, Gustavo Gayer, Zucco e André Fernandes, terem sido palestrantes no evento. Normalmente, a organização arca com os custos de deslocamento e hospedagem dos convidados, mas, neste caso, os gastos foram bancados com recursos públicos. Os deputados justificaram suas despesas, alegando conformidade com as normas da Câmara, embora alguns não tenham respondido diretamente às perguntas da coluna.
Eduardo Bolsonaro lançou o CPAC no Brasil em 2019, após ser indicado por Steve Bannon como representante sul-americano do The Movement, uma aliança de políticos conservadores liderada por Bannon, ex-consultor do presidente dos EUA, Donald Trump.
