A História de Resiliência das Religiões Afro-Brasileiras

0
99

Mãe Meninazinha d’Oxum Revela os Desafios Enfrentados por Gerações de Líderes Religiosos

A iyalorixá Mãe Meninazinha d’Oxum compartilhou com profunda tristeza e resiliência os momentos sombrios vivenciados por sua comunidade religiosa durante décadas de repressão. Desde a infância, ouvia de sua avó sobre os objetos sagrados confiscados pela polícia, um testemunho doloroso das investidas contra os terreiros de candomblé e umbanda.

As incursões policiais nos terreiros, relatou Mãe Meninazinha, resultavam na destruição de peças sagradas, muitas das quais acabavam como “provas de crime” nas mãos das autoridades. Esses atos de repressão não eram apenas ofensas físicas, mas uma afronta à ancestralidade e à liberdade religiosa das comunidades afro-brasileiras.

Durante o período do regime militar, a situação piorou. Os terreiros enfrentaram invasões e mais perdas de seus objetos sagrados. Muitos líderes religiosos, para evitar a perseguição, buscaram refúgio em locais remotos, como florestas, onde podiam praticar suas crenças sem medo.

Apesar das adversidades, Mãe Meninazinha perseverou. Fundou seu primeiro terreiro em 1968, durante o regime militar, e enfrentou pressões das autoridades. No entanto, ela contou com a intervenção inesperada de um delegado, que reconheceu o direito da comunidade religiosa de praticar sua fé.

O caminho para a recuperação dos objetos sagrados foi longo e desafiador. Somente em março de 2023, após anos de esforços liderados por Mãe Meninazinha e outros líderes religiosos, o acervo “Nosso Sagrado” deixou o antigo prédio do Dops e foi transferido para o Museu da República.

Essa transferência não foi apenas uma mudança física, mas um símbolo poderoso de resistência e resgate cultural. A designação do acervo como “Nosso Sagrado” pelo Iphan marcou uma vitória contra o racismo religioso e uma rejeição à opressão histórica.

Legado e Esperança

Hoje, aos 86 anos, Mãe Meninazinha d’Oxum vive com tranquilidade, rodeada por sua religião e seus seguidores. Ela continua a defender o respeito e a compreensão mútua entre as diferentes crenças, destacando a importância de desmistificar preconceitos contra o candomblé e a umbanda.

Seu relato é um testemunho da resiliência das religiões afro-brasileiras diante de séculos de adversidade e intolerância. Mãe Meninazinha, ao compartilhar sua história, transmite uma mensagem de esperança e persistência, lembrando-nos da importância de preservar e respeitar todas as manifestações religiosas.

O que você achou disso?

Clique nas estrelas

Média da classificação 0 / 5. Número de votos: 0

Nenhum voto até agora! Seja o primeiro a avaliar este post.



Artigo anteriorNovo Sistema Online Simplifica Autorização de Doação de Órgãos
Próximo artigoSalada de Batata

Deixe uma resposta