Novos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgados nesta quinta-feira (25), apontam uma redução significativa na insegurança alimentar no Brasil nos últimos cinco anos. A pesquisa revelou que atualmente 27,6% dos domicílios no país convivem com algum nível de insegurança alimentar, marcando uma queda em relação aos 36,7% registrados na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF) de 2017 e 2018.
Embora o índice tenha diminuído desde 2018, ainda é 5% mais alto do que o encontrado em 2013, quando o problema afetava 22,6% das residências. Entre os anos de 2018 e 2023, a insegurança alimentar grave diminuiu de 4,6% para 4,1%, enquanto a moderada caiu de 8,1% para 5,3%, e a leve de 24% para 18%.
Desigualdades e Prevalências Regionais
A pesquisa evidencia disparidades significativas entre diferentes grupos e regiões do país. A região Norte apresenta o maior índice de insegurança alimentar, com 39,7% dos domicílios afetados, seguido pelo Nordeste com 38,8%, Centro-Oeste com 24,3%, Sudeste com 23% e Sul com 16,6%.
Há uma correlação marcante entre insegurança alimentar e características socioeconômicas. Lares chefiados por mulheres enfrentam maiores desafios, representando 59,4% dos domicílios em situação de insegurança alimentar, comparado a 40,6% chefiados por homens.
A falta de alimentos é mais prevalente em lares chefiados por pessoas negras ou pardas do que brancas. Embora os brancos representem 42% da população, eles correspondem a 29% dos lares em insegurança alimentar. Enquanto isso, pessoas pretas e pardas, que somam 56,7% da população, respondem por 69,7% dos domicílios em situação de insegurança alimentar.
Diferenças Urbanas e Rurais
Os dados revelam que a insegurança alimentar moderada ou grave é mais baixa nas áreas rurais (12,7%) em comparação com as áreas urbanas (8,9%).
Compreendendo a Insegurança Alimentar
É importante destacar que a insegurança alimentar não se resume à fome. Ela representa uma condição em que as pessoas têm acesso limitado a alimentos de qualidade adequada ou enfrentam incertezas sobre a obtenção de alimentos no futuro próximo.
A Pnad Contínua utiliza a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia) para avaliar essa condição em três níveis: leve, moderada e grave, considerando restrições na quantidade e qualidade dos alimentos disponíveis para os moradores.
Contexto da Pnad Contínua
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) é uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que busca oferecer informações contínuas sobre a inserção da população no mercado de trabalho, além de fornecer dados demográficos e educacionais abrangentes.